Reclamar de tudo

A nossa vida já é complicada demais. Por diversos motivos — que nem eu nem você conseguiríamos enumerar — viver é um desafio constante; e, para deixar tudo ainda mais difícil, não existem regras claras ou atalhos para facilitar o caminho. Mas quem não atrapalha já ajuda um pouco. E por isso entendo que o que vou escrever aqui é importante e, em certa medida, até mesmo revolucionário: não seja aquela pessoa que reclama de tudo.

A gente sente que é o centro do mundo, que as coisas acontecem por nossa causa, para nossa satisfação ou infelicidade. E esse é um sentimento comum e extremamente natural. Como conhecemos e vivenciamos a realidade a partir das nossas particularidades, acabamos por acreditar que a nossa forma de ver o mundo abarca tudo o que o mundo é. E é justamente aqui que vejo o “não reclamar” como um ato revolucionário. Uma revolução é uma mudança de paradigma; e se o paradigma é olharmos pros nossos umbigos acreditando que o mundo é do tamanho que podemos ver, parar de reclamar (ou reclamar menos, que seja) já nos traz outra perspectiva.

E por que eu estou falando sobre isso? É que eu sou uma dessas pessoas que reclama de tudo o tempo todo. Reclamo de mim, dos outros, do tempo, das coisas que tenho e não aproveito, das coisas que gostaria de ter e até do que não conheço. Reclamo do Flamengo, do metrô, do meu corte de cabelo, do jeito como as pessoas me olham e do que elas pensam de mim (sendo que eu não tenho — obviamente — como saber o que os outros pensam).

Eu já percebi há muito tempo que reclamar não é bom, mas essa luta é uma luta difícil de vencer. De qualquer forma, essa reflexão que trago aqui é um pedido para que você não seja o que eu sou (até porque estou me esforçando para não ser mais assim). A maior parte das pessoas que escuta as reclamações dos reclamões não têm responsabilidade nenhuma no que motiva essa insatisfação e, eu já disse lá no começo, a vida já é difícil demais sem nada disso.

Eu quero ser mais do que um peso pros outros. Eu posso ser melhor do que isso. Todos nós podemos.

Marcos Ramon, 25/10/2016


Se você gosta das coisas que eu produzo na internet e quiser me apoiar, compre um dos meus livros e/ou divulgue o meu trabalho pra outras pessoas na internet.