O bloqueio criativo é algo que ocorre quando falta a alguém a inspiração necessária para finalizar alguma tarefa. Ouvimos dizer que isso é algo relativamente comum entre escritores, cientistas e artistas. Mas por que não estender isso a todas as pessoas? Eu penso que a vida está envolta em inventividade o tempo todo. Sendo mais claro: todo mundo é criativo — e não só os publicitários e designers que adoram bradar aos quatro ventos que o trabalho deles é, vejam só, serem criativos. E com isso não estou desconsiderando o fato de que muitas pessoas possuem empregos burocráticos em que se demanda quase sempre apenas repetição. Sim, isso existe aos montes. Mas quem disse que a criatividade só pode existir em conjunto com um salário?
Podemos ser criativos arrumando as meias na gaveta, planejando uma viagem ou escrevendo uma lista de livros-incríveis-que-todo-mundo-devia-ler-mas-eu-não-vou-porque-mesmo. Existe criatividade em tudo o que fazemos. Pode ser muita ou pouca, mas existe.
Voltando ao bloqueio criativo: quando um artista, parado diante da tela, sente essa frustração, ele entende que essa sensação de imobilidade faz parte do seu processo. Nesse caso, o bloqueio — apesar de não ser bem vindo — é entendido como um convidado indesejado, mas inevitável; e uma hora ou outra ele irá embora. O problema, no entanto, é quando esse bloqueio criativo ocorre com as pessoas comuns. Como disse antes, todo mundo pode fazer coisas de maneira criativa, mas nem todo mundo sente que tem licença para agir assim. Como fomos acostumados a crer que a criatividade é um dom especial de pessoas que conquistaram o direito de trabalhar expressando o seu talento, nós acabamos sentindo o bloqueio criativo como um vazio doloroso, porém menor e estranho, porque não teria uma justificativa (“Você não faz nada de importante. Por que está se sentindo assim?”).
O que eu acredito é que a vida cotidiana é uma fonte com constante potencial criativo. Um exercício: ouse olhar para tudo o que você faz da mesma forma que um escritor deve olhar para o seu manuscrito inacabado. Faz toda a diferença.