O tempo que dedicamos aos livros

A leitura permite a cada um de nós experimentar um pouco do mundo que foi visto e vivenciado por outros. Quando lemos, percebemos o mundo com os pensamentos de outras pessoas; e o simples fato de isso ser possível, mostra como a inteligência humana é complexa e rica em possibilidades.

A variedade das coisas que aprendemos por meio dos livros durante toda a nossa vida é quase inesgotável: habilidades sociais de convivência, conhecimentos técnicos, informações sobre lugares e fatos históricos, sensibilidade… Nada disso substitui, obviamente, viver a própria vida e pensar sobre ela. Mas a leitura nos ajuda a entender parte da realidade, antecipando — por meio da reflexão — algumas coisas que possivelmente iremos viver, realizar e experimentar.

Eu sempre acreditei que a leitura me trazia uma vantagem para além do entretenimento: compartilhar algo de humano que é passado por meio das ideias e sentimentos enunciados através das palavras. Cada autor deixa uma marca sua para leitores que não conhece e cada um desses leitores é capaz de encontrar nesse mesmo texto algo que é seu e que tem a ver com sua própria vida e expectativas. Mas não são todos os livros que permitem isso, certamente. E é por esse motivo que sou um defensor do direito de abandonar qualquer livro pela metade. A vida dura pouco e o que conquistamos com os livros precisa nos ajudar a viver melhor e não tomar o nosso tempo de viver. Em resumo: existem livros que nos surpreendem e valem nosso tempo, mas viver implica em acertar, errar e sofrer por conta própria — coisa que nenhum livro pode fazer. Então, leia, mas com parcimônia.