Hoje, lendo um livro de Harold Bloom, me deparei com essa definição de importância da leitura:
“A leitura me faz desejar ser eu mesmo; é justamente, por isso, conforme argumento ao longo deste livro, que devemos ler, e devemos ler somente o que há de melhor na literatura” — Harold Bloom. Como e por que ler.
De acordo com Bloom, a leitura — por meio de uma intervenção de ordem estética, não moral — nos incita a fazer o bem. A arte em geral, e a leitura em particular, contribuem para a formação humana. Justamente por esse motivo, não faz sentido desperdiçar o nosso tempo lendo o que é ruim; ou, considerando que não sabemos o que é ruim antes de experimentarmos, não vale a pena arriscar o nosso tempo com o incerto.
É, por esse motivo, e não por elitismo puro e simples, que Bloom recomenda que se leia os clássicos, os livros que já passaram pelo crivo de muitos críticos e pela prova dos anos. É estranho pensar assim, apesar da obviedade do conselho. Afinal, se não podemos empregar o nosso tempo com tudo o que desejamos, devemos investi-lo naquilo que é mais certo. Mas se todos os leitores pensassem assim, novos autores ainda surgiriam? Se nenhum leitor se submetesse a ler o novo, o que levaria alguém a dedicar o seu próprio tempo e inteligência em uma obra fadada a ser um produto para o futuro?
Em um mundo ideal os leitores e escritores se dedicariam à literatura porque a literatura dá sentido à vida. É isso um sonho?
Pintura de Willem Weismann