O possível amanhã

A ideia de educação escolar costuma passar por dois elementos principais: transmissão de conhecimentos historicamente estabelecidos e construção de valores. Algumas escolas priorizam o conteúdo, outras a “formação” do cidadão e existem ainda as que tentam conciliar os dois elementos. O problema que eu vejo, contudo, é que quase sempre o discurso educacional se volta para a manutenção daquilo que se considera importante para o futuro. Mas a educação, a meu ver, não deveria ser pensada como eternização de valores (sejam eles cognitivos ou morais), e sim entendida como aquilo que ela pode fazer de melhor (na minha opinião): permitir a compreensão da nossa época.

Não sabemos como será o mundo amanhã. Não temos nenhuma ideia de como estará a nossa vida daqui a dez ou quinze anos, quais serão as carreiras mais valorizadas ou quais serão os valores culturais mais aceitos e bem vistos. Por isso, o melhor que podemos fazer é contribuir para que as pessoas possam ler a sua realidade por conta própria, sem depender dos jornais ou das opiniões distribuídas no Twitter ou no Facebook.

A escola não é uma preparação para a vida e nem para o futuro. A vida já acontece agora e o futuro é incerto. A educação tem que ser para o agora, não por uma visão imediatista, mas sim porque o que temos é sempre o presente, inevitável e certo. Como, então, deixá-lo de lado para projetar o que não sabemos, o que não podemos saber?

Na escola a gente aprende que a vida só chega depois.