Esses dias li um texto do Austin Kleon em que ele tentava responder a seguinte questão: “How to hide and still be found”. É uma reflexão importante, principalmente em um mundo em que sofremos com a falta de privacidade e todas as consequências envolvidas no processo. No texto, ele menciona o aspecto das pessoas que produzem alguma forma de arte e precisam se expor na internet. Mas uma coisa é expor o trabalho e outra, bem diferente, é acabar expondo sua vida, sua intimidade.
Todo mundo quer estar na internet de alguma forma. Se não mostrando o seu trabalho, pelo menos compartilhando um pouco de sua vida, de suas experiências. Tem um pouco de vaidade nisso, é verdade, mas tem também um desejo genuíno de participar, de compartilhar, de se ver querido por outras pessoas e ajudá-las em alguma medida. Só que nem sempre a nossa atenção e a dos outros se mantém na direção da colaboração e do apoio mútuo, e é aí que começam os problemas.
E foi justamente pensando sobre isso que me dei conta do melhor lugar para eu e você estarmos em 2018: longe da internet. O máximo possível. Teremos no próximo ano provavelmente o processo eleitoral mais tóxico desde a redemocratização. E com a batalha direta da política nas redes sociais é praticamente certo que você se veja infestado de ódio e raiva por tudo e por todos. Diante das circunstâncias, cabe a cada um pensar se estar na internet por mais tempo do que o necessário vale o seu tempo e a sua saúde mental. Pra mim, não vale. Talvez você ainda queira ou precise ser encontrado na internet, mas se esconda da melhor forma possível — e pelo maior tempo possível — para o seu bem e o de todos nós.
Gif criado por Daniel Barreto