Proust escrevia frases de quarenta e quatro linhas e descrevia o transtorno de alguém que não conseguia dormir por infindáveis dezessete páginas. Mas se é bem verdade que a maioria dos leitores de hoje não consegue nem começar a dar os primeiros passos em divagações desse tipo, é também verdade que a maioria de nós já não consegue entender quase nada diante da nossa cultura de mínimos (e rápidos) dados e informações.
De chamadas fúteis nos portais de notícias (Papa tropeça e quase cai ao embarcar em avião nos EUA) passando pelos memes do dia ou tweets sobre os programas de tevê do momento, nós estamos ocupados demais com tudo o que devemos saber agora, agorinha-mesmo, e sem tempo para qualquer coisa que nos force a algum distanciamento das novidades.
Mas nós realmente temos que viver assim, nos extremos? Ou textão ou textinho?
Sou fã do meio-termo.
Pintura de David Shrigley.