Mais de nós mesmos
Existe uma separação muito clara, para cada de um nós, entre o que precisamos fazer e o que gostamos de fazer. Na maior parte do tempo, e não podia deixar de ser assim, nos dedicamos àquilo que é necessário, a todas as coisas que fazemos porque delas depende nossa subsistência e nosso bem estar material. No entanto, a vida não é só isso e, em um mundo ideal, haveria espaço para mais de nós mesmos - cada um encontrando um meio de não deixar de sentir gosto pela vida e pelas possibilidades que ela oferece.
Mas a vida é desigual (mais uma vez, como não poderia deixar de ser) e enquanto algumas pessoas identificam essa possibilidade com naturalidade, para outros é quase impossível se desvencilhar do abraço da cotidiano, com seus compromissos, obrigações e desgostos. Eu me vejo no meio-termo disso tudo. Nem desesperado ao ponto de não conseguir respirar e nem livre o suficiente pra aceitar que não existe uma pressão que muitas vezes sufoca a minha vontade e a minha capacidade de enxergar as coisas com simplicidade.
O desafio, no que se refere a esse tema, é aprender a insistir. Quem desiste e entrega os pontos desde o início afunda no desgosto e acha, com toda a convicção que a gente sabe ter nos momentos de angústia, que a vida não vale a pena. Mas a vida vale muito, e sempre haverá mais para buscar do que a simples obrigação de viver. Só que é preciso lutar por esse direito. E é isso que eu tento fazer, todos os dias.
Marcos Ramon
Professor no Instituto Federal de Brasília, pesquisando ensino, estética e cibercultura. Lattes | ORCID | ArquivoRelacionados
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