Como ser feliz
O utilitarismo é uma teoria que aponta para a necessidade de buscarmos a maior felicidade possível para o maior número de pessoas. Mas o problema inicial desse tipo de proposição é tentar entender como podemos ser felizes. E existe uma resposta pra isso? Se a gente pensar bem, não deveria existir coisa mais importante pra se responder. Afinal, essa é a pergunta definitiva: “como ser feliz?”. Mas existem empecilhos pra gente chegar no ponto em que possamos nos dedicar a isso. Em primeiro lugar, o mundo quase todo caminha em uma direção contrária à ideia de felicidade. A preocupação mais recorrente que existe é com metas, com sucesso. Então, procuramos ser bem-sucedidos, realizados profissionalmente, conquistando coisas e objetivos; e, sim, isso pode ter relação com a felicidade, mas não quando deixamos de nos importar com as coisas mais pessoais, mais íntimas. Quando tratamos a vida como um negócio que precisa dar certo, a felicidade só aparece (quando aparece) por acaso — o que é muito pouco.
Outra questão é que o tipo de discurso mais comum sobre a felicidade é o da autoajuda. E sobre isso existem muitos livros e palestras e tudo o que a gente mais imaginar. Mas a fala da autoajuda, na minha opinião, vai na mesma linha do sucesso que eu mencionei antes: é encarar a felicidade como um empreendimento, uma tarefa a realizar. Mas não acredito que é assim que funciona. E é por isso que as pessoas ficam viciadas em livros de autoajuda e continuam precisando de ajuda, dos outros e de si mesmos.
Veja o gráfico abaixo, criado por Gustavo Vieira Dias:
Não parece simples? Não precisamos de um livro de 200 páginas pra entender isso ou de uma palestra ou de um tratado de filosofia ou qualquer outra coisa. Olhe pra você, olhe pra sua vida e cuide dela. Se está tudo bem, continue. Se alguma coisa não está bem, não tenha receio de mudar. Pra alcançar a felicidade só precisamos disso. “Mas felicidade total, assim, completa mesmo?” Certamente não. Mas esse é um terceiro erro: acreditar que a felicidade é não faltar nada.
Sempre vai faltar alguma coisa. E ainda assim podemos seguir, com a felicidade que nos é possível.
Marcos Ramon
Professor no Instituto Federal de Brasília, pesquisando ensino, estética e cibercultura. Lattes | ORCID | ArquivoRelacionados
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