Sentir-se preso

Um jeito de encarar a rotina é aceitar o absurdo da realidade: hora certa para acordar, comer, trabalhar, se divertir… E um dia após o outro, sem nenhum motivo ou propósito aparentes. Outro jeito — mas para esse é preciso coragem — é duvidar de tudo. E assim viver em uma luta constante com os próprios desejos e vontades.

Como, em geral, somos acomodados e loucos por conveniência, acabamos escolhendo invariavelmente a primeira opção. O fato de mentirmos para nós mesmos alegando que esse é o único jeito de viver, é só mais uma prova da saudade que sentimos de uma época em que vivíamos isolados de outras realidades e caminhos.

Conhecer a liberdade parece uma vantagem, parece. Na verdade, essa é a maior das prisões.

Ilustração de Irene D’Antò