De acordo com Cioran o tema central das utopias não é a felicidade, mas a ideia de felicidade. Gostamos, portanto, das utopias porque elas apelam para o nosso fascínio pelo impossível. Muito pouco desejo surge daquilo que se possui, daquilo que é viável. Por outro lado, o irrealizável é sempre interessante, porque o mistério do estranho encanta, atrai e apaixona.
Curiosamente, apesar de concordar com Cioran, sei que existe uma atração geral também pelas distopias, principalmente em nossa época, farta em divertimentos e saciedades, se não para todos (obviamente) pelo menos para um grande grupo — esses que podem comprar livros e ir ao cinema atrás dos universos destruídos e estraçalhados da ficção.
De uma forma ou de outra, o autor de História e Utopia ainda está certo: o que nos seduz é o segredo imaginado, distante de nós. E quanto mais distante, melhor.
Instalação de rua de Slinkachu