O cansaço nosso de cada dia

Nem sempre as coisas se encaminham na vida da gente da maneira como gostaríamos. A sensação geral - me diz aí se você não se sente assim - é de que a gente sempre pode fazer mais, construir mais.

Eu, como um monte de gente, tenho planos parados: escrever um livro, publicar mais textos, voltar a me dedicar pra música, me organizar financeiramente pra comprar um imóvel etc. Mas os projetos vão parando diante de uma constatação simples: o nosso ritmo de vida exige mais da gente do que a gente é capaz de oferecer. É como se você tivesse que subir uma ladeira íngreme a 110 Km/h com um carro 1.0 já velhinho.

Você não vai conseguir e vai se sentir frustrado, mas lá no fundo vai ter que entender que a culpa não é sua. Você estava tirando do carro o máximo que ele podia oferecer. Mas nessa analogia vejo apenas um problema: qual é o nosso limite? Até onde podemos chegar? Será que a gente não desiste de pisar no acelerador, mesmo podendo ir um pouquinho mais longe?

Queria tentar me dedicar mais a todas as coisas que acho que são importantes. Às vezes, quando inicio uma coisa pequena mas legal, já me sinto bem, me sinto animado e um pouco do cansaço dá espaço pra empolgação. Nesses dias começou a funcionar o meu grupo de pesquisa no IFB (se você estiver em Brasília em algum momento visita a gente lá). A ideia é simples e nunca foi difícil de realizar: encontrar pessoas interessadas em discutir temas comuns, escrever, produzir pesquisa… É simples, mas sempre tive a desculpa - que eu dava pra mim mesmo - de que não adiantava acelerar mais. Mas deu.

E você, como andam os seus projetos? Continua no caminho?

Pintura de Charlotte Briant

Marcos Ramon

Professor no Instituto Federal de Brasília, pesquisando ensino, estética e cibercultura. Lattes | ORCID | Arquivo

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