Pode até parecer estranho - e talvez até irresponsável -, mas viver sem um plano específico tem seus benefícios. Ter que fazer escolhas, todos temos. Mas podemos também escolher deixar muitas coisas em aberto, dando espaço para o acaso e para as surpresas que chegam pelo caminho.
Isso não significa também abdicar de toda e qualquer decisão. Afinal, viver em conjunto implica em se tornar também um pouco responsável pelo futuro dos outros. Mas como o que acontece daqui pra frente não é uma consequência exata de nossas decisões, não existe isso de estar no controle de tudo.
Só vivemos uma vida (às vezes quero acreditar em algo diferente, mas nem sempre consigo) e, por isso, é importante tomarmos conta do que fazemos, entendendo cada parte do processo. Aceitar o erro e o imprevisível como parte do caminho, me deixa mais tranquilo. Para outras pessoas, talvez, o efeito seja o oposto. Enfim, não tem receita aqui. O máximo que pode se alcançar é alguma consciência. E por que só isso seria pouco?
Pintura de Martin Wehmer