Quando vamos envelhecendo conseguimos prestar atenção às coisas de um jeito diferente. É como se a natureza quisesse nos situar em um mundo novo, mais lento, mais cuidadoso. A reflexão se torna mais forte, o pessimismo também, e assim conseguimos um estranho misto de satisfação e insanidade. Satisfação vem da sensação de perceber que sabemos mais do que outros e mais do que nós mesmos em outras épocas e a insanidade vem justamente daí, porque olhamos pra nossa vida até aqui e não conseguimos acreditar que agimos desta ou daquela maneira. Nos sentimos como se tivéssemos sido outras pessoas.
Na interação, especialmente, é assim. Quando jovens queremos o máximo de intimidade com os outros e a vida social nos parece tão importante quanto beber água ou comer. Quando envelhecemos queremos esquecer dos outros — e às vezes realmente esquecemos — e fugimos das interações desnecessárias porque percebemos a pouca contribuição que elas oferecem à nossa paz de espírito.
Olhando com cuidado todo mundo vai concordar que a juventude é uma época de grande infelicidade. Tanta busca por aprovação, por respeito, por carinho… Mas aqui a natureza é sábia mais uma vez, e não deixa ninguém lembrar de tudo. A memória tira as lembranças ruins e a sabedoria de vida nos afasta pouco a pouco da interação, deixando só aquilo que é essencial, vital para cada um. E ainda achamos que fazemos sozinhos nossas próprias escolhas.
Gif criado por Nicolas Monterrat