Toda forma de saber é permeada por perguntas — mais do que por respostas. É a pergunta que define os pesquisadores, artistas, filósofos e escritores. Claro que responder é importante e conquistamos muita coisa quando algumas dessas respostas permitem alguma aplicação prática. Mas não é necessário que se faça isso. Ou não era.
Um argumento que é muito utilizado a favor do tecnicismo é o gigantesco avanço tecnológico que conquistamos nos últimos 300 anos. Obra direta de perguntas bem respondidas (ainda que alguns, nem tanto), esse projeto gerou a ideia, às vezes nociva, de que todo conhecimento precisa render produtos e soluções definitivas.
A vida humana é puro movimento. Cada momento da nossa existência exige transformações e construções novas. Ainda que tenhamos muitas respostas para um monte de perguntas, sempre existirão perguntas novas — a maioria sem solução alguma. Saber é perguntar, duvidar, se interessar. Responder é uma parte menor do processo e não deveria ocupar tanto a nossa mente e nem sequestrar os nossos sonhos. Época difícil essa, em que a subjetividade e a poesia são tratadas como falta de propósito. É preciso trazer o sonho de volta pro indefinido.
Fotografia de Csenge Vass