Five years

“I think I saw you in an ice-cream parlour
drinking milk shakes cold and long
Smiling and waving and looking so fine
don’t think you knew you were in this song”

Estava ouvindo hoje uma música do David Bowie e lembrei da sensação que tive quando escutei esse disco pela primeira vez. Eu estava decidido a ser músico e queria conhecer o trabalho dos artistas que eu lia que eram referências importantes. Fui a uma locadora de CDs (sim, era nessa época) e aluguei o disco do David Bowie. Quando cheguei em casa, e tendo a sorte de não ter ninguém lá naquele momento, coloquei o disco pra ouvir — no volume máximo, seguindo a indicação da contracapa.

Hoje, reouvindo Five Years (a música de abertura do disco), aquela sensação boa de redescoberta voltou e me lembrei do motivo pelo qual eu queria ser músico. Eu pensava — e hoje descobri que ainda penso o mesmo — que a música é a arte que melhor aproxima as pessoas, conectando sensações, desejos, impressões. Eu queria, naquela época, ser alguém que conseguia fazer isso, alguém que conseguia me aproximar das outras pessoas por meio daquilo que eu podia criar, passando pra elas um pouco de mim, do que eu acredito, do que eu sou.

A vida como músico não deu certo, e às vezes eu quero acreditar que no meu trabalho como professor, ou pelos meus textos e podcasts, eu consigo chegar perto de levar para outras pessoas aquela sensação que eu sentia, e que ainda sinto, com a música.

Imaginar que temos um propósito na vida é um jeito bom de dar significado para o que fazemos (e de ter forças para continuar criando).