Estamos inseridos em uma cultura do sucesso, em que o sonho da vitória é vendido como se a realização fosse para todos, só basta querer. Todo mundo sabe que não é assim, que o sucesso é relativo e que a medida pra isso tem que ser estabelecida por cada um. O que é ter sucesso? Ser reconhecido, ter dinheiro, se sentir competente? Muitas possibilidades, muita chance da gente errar mão e acabar se sentindo em um vazio mesmo tendo alcançado os objetivos que tínhamos em mente.
Talvez tendo esse tipo de questão em mente, Cioran escreveu algo bonito sobre o sentido da existência espiritual:
“(…) não é quando as coisas nos abandonam, mas quando nós as abandonamos que atingimos a nudez interior, esse extremo em que já não pertencemos mais nem ao mundo nem a nós mesmos, extremo no qual vitória significa demitir-se, renunciar com serenidade, sem remorsos e, sobretudo, sem melancolia” — Cioran. História e Utopia, p.86
É quando desistimos que nos humanizamos, e perdemos a pretensão que às vezes temos de sermos mais do que podemos ser. Se perder, como possibilidade de aprimoramento pessoal, aqui está uma verdade indiscutível.
Animação de Yoon Miwon