As primeiras horas da manhã

Acordar cedo é algo muito difícil para a maior parte das pessoas. Eu, por exemplo, apesar de gostar — e precisar — acordar cedo, vivo em uma luta constante com a minha vontade de realizar, criar e consumir mais coisas (o que me faz querer dormir mais tarde e, consequentemente, ter dificuldade em acordar cedo). Assim, o sono parece um inimigo e o amanhecer um sinal de que o mundo quer mostrar quem é que manda. Mas ver o início do dia tem suas vantagens.

Em primeiro lugar, parece que existe alguma memória biológica em nosso corpo que nos lembra, nas primeiras horas do dia, que podemos ser criativos e atentos ao que somos e fazemos. Muito já se falou sobre as vantagens de se aproveitar as primeiras horas da manhã de forma criativa. Só que isso não tem nada de inovador, mas é apenas uma volta ao estado natural das coisas, à época em que ficávamos menos entretidos com coisas externas e dávamos mais atenção aos sinais do nosso corpo — sobre a hora de comer, relaxar, realizar etc.

A segunda vantagem da manhã — e essa tem a ver diretamente com a vida urbana — , é aproveitar um pouco da quietude em meio ao caos da cidade. Com o corpo descansado e a mente atenta, é possível ver a cidade e as coisas ao nosso redor com mais cuidado, o que nos ajuda a ressignificar nossas percepções e pensamentos. Claro que gradualmente somos lançados de volta ao ritmo da vida social, mas o início da manhã tem esse ar idílico de transição e verdade. Daí ser tão estranho (mas ao tempo compreensível) termos chegado ao ponto em que acordar cedo tenha se transformado em um luxo; luxo que quase todos podem ter, mas que mesmo assim é tão difícil de aproveitar. Por tudo isso, se puder, se dê o prazer de ver o dia amanhecendo. E não só por você precisar sair para o trabalho ou para a escola, mas porque você pode (e quer) ver o sol nascendo. Afinal, poucas coisas são tão simples e tão agradáveis de se ter.

Hoje pela manhã