Adeus, Substack!

Quem me acompanha na internet já sabe que eu escrevo textos, faço podcasts e outras coisas na internet por puro diletantismo. Mas a web quer cada vez menos amadores. Agora tudo é para empreendedores, influencers, creators… Não é o meu caso.

Quando comecei a enviar e-mails no formato de newsletter, eu usava o Mailchimp. Mas me incomodava muito o fato de que a plataforma era toda voltada para estratégias de marketing e venda. O Substack, a plataforma que estou usando para enviar este e-mail que você está lendo (se você não estiver lendo no meu blog), foi, há alguns anos, uma solução que parecia boa para este problema. Quando conheci o Substack, ele se apresentava como um app para escritores e jornalistas, uma solução simples para enviar e-mails de forma gratuita ou paga, mas sem propagandas, sem enrolações. Parecia bom.

O Substack de 2025, infelizmente, já está muito longe disso. A plataforma, como quase toda a web, quer abraçar o mundo, e agora tem podcasts, vídeos curtos, inúmeras opções de monetização e muitas polêmicas.

Uso o Substack para enviar e-mails de forma gratuita, mas já vi que a plataforma empurra notificações de assinatura mesmo eu não tendo configurado nenhum plano pago. Como leitor, a experiência é péssima também. Eu acho que 99% das newsletters que eu acompanho usam o Substack, e as propagandas e o incentivo a pagar para ler são terríveis. Tem até paywall no e-mail. Sem condições.

Como você já percebeu pelo título, não vou mais usar o Substack, nem para escrever e nem como leitor. Do ponto de vista dos meus textos, isso significa que você não vai mais recebê-los por e-mail, e a única forma de ler o que eu escrevo (já que não estou mais usando redes sociais para publicar nada), vai ser acessando o meu blog. "Como se eu estivesse em 2005?", você deve estar pensando. Pois é, desse jeito mesmo.

Como leitor, a minha situação vai ficar péssima. Como eu disse, a maioria esmagadora das newsletters que sigo usam o Substack e muitas pessoas não têm site ou blog onde eu possa encontrar seus textos fora da plataforma. Não por acaso, inclusive, algumas se referem aos "textos no meu Substack", algo difícil de engolir até agora. Mas ninguém pode ler tudo mesmo. Então, paciência. Não tem o que fazer.

Procurei outras alternativas de apps de newsletters para continuar enviando os e-mails, mas nenhuma com plano totalmente gratuito para a quantidade de pessoas que me acompanham me pareceu interessante ou confiável. Vou guardar os dados de e-mails de pessoas inscritas e, se um dia encontrar uma solução boa, aviso. Antes, tentei hospedar meu blog no Wordpress um tempo atrás (na verdade, tentei em dois momentos diferentes), mas não deu certo. Seria bom porque o Wordpress tem um serviço de envio dos textos por e-mail, mas não gostei da experiência na plataforma. Então, voltei para o combo GitHub e Jekyll, e estou escrevendo os textos no Obsidian. Sempre fui nerd, fazer o quê…

O meu adeus ao Substack é, muito provavelmente, também um adeus a você que me lê. Nesse mundo em que tudo é redes sociais, vídeos rápidos e pouco tempo para "navegar na internet" (que coisa mais antiga de se escrever!) quase ninguém tem paciência para acessar um site ou acompanhar um blog pelo feed rss. E o fato de que a maioria das pessoas nem sabe mais o que é isso que eu acabei de escrever já prova o meu ponto.

A web está morrendo. Muita gente tem falado e constatado isso. Em tempos de IA e robôs creators, vou continuar escrevendo, e fazendo podcasts, e gravando vídeos. Se você tiver paciência para me acompanhar nesse caminho de resistência (e resiliência), estamos juntos. Mas caso eu não te veja mais, good afternoon, good evening and good night! E obrigado por dedicar um pouco do seu tempo para acompanhar as coisas que eu gosto de fazer. 😉

Estudo das mãos de Erasmo de Roterdã, por Hans Holbein (1523)