Por esses dias eu estava pensando sobre a possibilidade de encontrar novas formas de me relacionar com os meus textos e com as coisas ideias presentes neles.
Foi assim que acabei encontrando o Infranodus, um projeto (opensource) que permite que você importe uma base de dados existente (Twitter ou Evernote, por exemplo) e veja a relação entre os termos e principais conceitos na forma de grafos. Outra possibilidade, é inserir o texto direto no programa, marcando os conceitos que você gostaria de visualizar no grafo. Isso permite estabelecer redes de conexão entre ideias e conceitos, o que, no contexto da escrita, acaba sendo uma possibilidade de ver o seu texto se desenvolvendo em um ritmo similar ao de um processo de pensamento (processo esse que não é estático, mas que se mantém vivo e pulsante, como o nosso pensamento efetivamente é).
Uma das coisas mais interessantes que percebi utilizando o Infranodus (cada parágrafo nesse texto foi criado dentro do programa) foi a identificação de algumas “ausências”, buracos ou gaps de comunicação entre os principais conceitos e termos.
Nesse primeiro momento, não vejo isso de uma forma ruim. Na verdade, isso me revela, de uma maneira nova e imprevisível, como o meu estilo de escrita está embebido no caos e é pouquíssimo orgânico.
Trata-se aqui de uma forma inteiramente nova de escrita e de reflexão. Enquanto estou escrevendo, eu percebo diante de mim o texto ganhando vida e ocupando novos espaços de interação e significado. É certamente uma experiência completamente diferente escrever o texto em outro lugar (no Evernote, por exemplo) e depois simplesmente transportá-lo para o software, para visualizar suas redes de conexão, com suas falhas e aproximações. A escrita dentro do próprio programa, por outro lado, interfere no meu processo de pensamento. Me sinto impelido a utilizar alguns conceitos com mais frequência e a evitar alguns que “entendo” serem pouco relevantes (mas como saber, se eu os evito?).
Enfim, esse texto foi um exercício de escrita sobre a escrita e sobre a interferência do programa (Infranodus) no estilo e desenvolvimento do que é dito e na forma como é dito.
Aqui embaixo você pode ver o grafo criado a partir do Infranodus para esse texto. O grafo foi processado no Gephi, mas não dei nenhum tipo de tratamento especial para os nós de conexão, apenas separei por cores a estrutura dos principais conceitos por proximidade. Estou empolgado com isso e temo nunca mais conseguir escrever de outro jeito. Agora, se isso é bom ou ruim, eu ainda não sei.