Sobre o espetáculo “Mobilidade Cultural — Corpos em Movimento” (para os estudantes e professores envolvidos)
Tenho que dizer que estou sentindo inveja de vocês. E não é “inveja boa”, como se diz. Até porque não existe isso de inveja boa. A inveja é ruim e pronto. É sinal de raiva e mau-caratismo. É isso que eu sinto. E é isso que eu sou.
Enquanto assistia ao espetáculo eu pensava: “por que eu não sou esses corpos?”. Eu quis ser aqueles corpos. Não um ou outro, mas todos! Porque me desafiavam com sua revolta, prazer e disposição.
Platão escreveu que amor é falta (eros), mas também pode ser alegria (philia). O amor é a dor de se desejar o que não se pode ter. Por outro lado, quando amamos nos enchemos de alegria só pelo fato desse amor existir.
Dizer que amei tudo o que vi, ouvi e senti por causa de vocês é fazer uso de uma abstração que talvez faça pouco sentido (afinal, usamos tanto a palavra “amor” que ela praticamente não serve mais pra nada). Ou então pode parecer simplesmente um exagero. Mas é preciso dizer que nunca se ama demais, só se ama errado, com pouco ímpeto e loucura.
E não digo também que amei simplesmente porque gostei do espetáculo, mas sim porque ele me fez desejar ser o que não sou — e não é todo dia que se vive algo assim.
Vendo vocês entendi que eu sou humano. E que bom é poder descobrir isso! Eu invejo. Eu amo. E isso, pra mim, é quase dançar.