O espaço entre nós
O que faz com que a gente possa se entender no mundo é o fato de que não somos todos os mesmos. Pensando, chorando, sofrendo e sorrindo, somos todos diferentes, únicos, versões de nós mesmos que nem entendemos de direito. E isso nos permite a sensação de novidade quando encontramos uns aos outros.
Em um mundo que busca a unidade, que força o ajustamento mínimo de posicionamentos, seremos todos parte do mesmo jeito de pensar e entender o que somos. Ainda haverá diferença — porque sempre há, de alguma forma — mas os diferentes vão encontrando pedaços de si, espalhados nos rostos e palavras de um tanto de gente que se sente diferente por qualquer motivo, até que a soma das partes seja o todo.
Nada disso é novidade. Esse embate entre o outro e o mesmo existe desde sempre. O que muda agora é que estamos acertando o caminho, nos tornando finalmente iguais, todos consumindo e sendo consumidos por tecnologia. Quando nos encontrarmos nessa sonhada unidade, já não terá sobrado nada de nós.
Marcos Ramon
Professor no Instituto Federal de Brasília, pesquisando ensino, estética e cibercultura. Lattes | ORCID | ArquivoRelacionados
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