5 medidas que eu tomei para manter o foco no que eu realmente preciso fazer.
1. Desinstalei o Facebook dos dispositivos móveis que tenho.
Eu pensei em desabilitar só as notificações, mas não ia resolver. Eu ia continuar abrindo o Facebook de 15 em 15 minutos e ficar naquele scroll infinito da timeline. Agora só acesso o Facebook na web (e de um jeito que dá mais trabalho, pelo motivo que vou mostrar a seguir).
2. Configurei o Twitter e o Facebook para login em duas etapas.
Eu comecei a fazer isso por segurança porque recebi avisos do Facebook, do Twitter e do Gmail que tinham sido feitas algumas tentativas de login vindas de São Paulo e da China (aparentemente eu tenho alguma informação importante pra alguém, mas ainda não sei o que é). O login em duas etapas é assim: toda vez que você tentar fazer o login em um navegador não cadastrado ou em um celular diferente do seu você precisa inserir um código de autenticação. Pro Facebook e pro Gmail eu utilizo o Authy, que é um aplicativo de autenticação em duas etapas. Já no Twitter o único jeito é ativar o envio do código por sms. Não demora quase nada pra chegar a mensagem (uns trinta segundos), mas como a gente se acostumou a fazer tudo rápido demais, essa necessidade de esperar o sms faz você pensar se vale a pena logar no Facebook só pra perder, ops, passar o tempo.
3. Evito ficar olhando o celular na cama antes de dormir.
Eu digo “evito” porque a verdade é que ainda pego o celular de vez em quando e acabo olhando alguma coisa que me distrai e que acaba atrasando o meu sono, mas um dia — um dia! — eu vou conseguir dormir com esse smartphone bem longe da minha cabeceira. A minha desculpa atual é que utilizo o smartphone como despertador e por isso ele tem que ficar ali, sempre à mão. Mas a verdade é que tem outros jeitos (cadê o meu bom e velho despertador que só serve pra despertar?), além de eu não precisar de tanta notificação assim. Ninguém precisa. Ainda no quesito dormir/acordar, outro problema que preciso resolver é nas primeiras horas do dia. Toda manhã, na hora que preciso levantar pra ir passar o café, eu faço a mesma coisa: ainda quase sem conseguir abrir os olhos, eu pego o celular e vou cambaleando pra cozinha, vendo as notificações disso ou daquilo. É terrível, eu sei.
4. Desabilitei as notificações do Gmail.
As notificações push do Gmail (e de qualquer outro aplicativo) são uma mão na roda. Você não precisa ficar acessando o aplicativo o tempo todo no celular ou checando a tela do computador a cada 30 segundos pra saber se aquele e-mail que você espera já chegou. Você fica lá de boa e, plim, notificação, plim, notificação, plim, notificação. Mas o problema é quando você não consegue parar de olhar a notificação. Às vezes nem é nada importante, mas você pensa: “Ora, chegou um e-mail, então é melhor eu dar uma olhada”. Vinte segundos depois: “Opa, outro e-mail. Lá vou eu”. E nisso você acaba se distraindo bem mais do que o necessário. Junto com essa decisão de desabilitar as notificações eu quero tentar acessar o e-mail um número menor de vezes por dia (atualmente eu acesso sempre que acho que tô com um tempo livre). Também quero me dar ao luxo de só responder os e-mails que eu quiser e no tempo certo. Sou professor e às vezes alguém manda um e-mail sábado à noite pra saber dos detalhes de um trabalho que precisa ser entregue na quarta seguinte e que eu expliquei na primeira semana de aula. Se eu não respondo logo a pessoa manda outro e-mail meia hora depois perguntando se eu recebi o primeiro. Eu acabo me incomodando com a situação e respondo logo. Agora, vou tentar estabelecer um horário. Tipo: responderei e-mails de estudantes nos dias e horários tal e tal. Vamos ver se funciona.
5. Vejo as atualizações dos sites, blogs e redes sociais que sigo apenas pelo Flipboard.
O Flipboard se define como uma revista social (mas não é bem isso). Na prática é como se fosse um agregador de feed, com a diferença de que é muito mais fácil de usar. Você faz uma conta e linka os serviços de redes sociais que você utiliza. Além disso, você pode assinar as atualizações dos sites que você quiser e até mesmo “revistas” de outros usuários. É bom pra mim principalmente porque ele organiza todos os sites que sigo lado a lado. Assim eu consigo acessar um monte de coisa em um único aplicativo. Tudo se torna mais rápido, eu perco menos tempo e ainda tenho a opção de guardar alguma coisa interessante que eu ler flipando (esse é o termo que eles utilizam) pra uma “revista” ou mandando direto pro Instapaper ou pro Evernote, por exemplo.
Já escrevi sobre isso outras vezes e repito: eu não detesto a tecnologia, pelo contrário. Acho todas essas ferramentas e tecnologias digitais fantásticas e acho que elas trazem mais benefícios do que malefícios pra gente, mas só se a gente souber utilizá-las com parcimônia. A questão é que esse ponto de equilíbrio não tem como ser o mesmo pra todo mundo e eu (com as obrigações que eu tenho e com as coisas que ainda quero realizar) não posso ficar mais tempo perambulando pelos links que vejo no Twitter do que fazendo o que eu realmente preciso fazer. Agora, o desafio de verdade não é começar, mas manter essas decisões. Eu consigo?
[!importante] Atualização: esse texto foi escrito em Janeiro de 2014 e relendo ele agora (comecinho de 2015) eu vejo que absolutamente nada mudou, ou seja, não me mexi nenhum pouquinho pra melhorar meus hábitos. Na verdade, só fiquei mais dependente da internet e do smartphone. Talvez o importante aqui seja o fato de eu não quero mudar de verdade, apesar de entender que eu deveria. Mas convencer a mim mesmo é o mais difícil…