A leitura na internet está mais confortável

A internet vai destruir nossos hábitos de leitura

Por Marcos Ramon

Rasguem os livros! Queimem as bibliotecas! Prendam os livreiros! A internet chegou! Pânico nas ruas! PÂNICO NAS RUAS! A INTERNET CHEGOU!


Nada disso. Os livros não vão acabar e as pessoas não vão deixar de ler, seja livros ou blogs ou qualquer outra coisa. Não tenho nenhum dado concreto sobre isso, mas acredito que nunca se leu tanto como nessa época em que mais e mais pessoas conseguem acessar a internet. Uma outra coisa é o que se lê, a qualidade da leitura etc. Mas aí é algo ainda mais difícil de mensurar.

Eu, particularmente, tenho certeza que nunca li tanto quanto leio hoje. O que me falta é apenas o foco, a objetividade de saber o que ler e quando ler, mas nesse caso o problema é meu e não da internet.

Quando falo sobre isso penso tanto nos hábitos de leitura online como offline, mas principalmente sobre o online, já que o senso comum nos faz acreditar que a web é só pra vídeos e imagens. Um exemplo: a ideia de que na internet ninguém quer ler nada maior do que os 140 caracteres do Twitter é desmentida pelo sucesso recente de serviços para escritores e leitores como Medium e Svbtle, que trabalham na lógica da leitura de fôlego, ou seja, textos longos, escritos com mais cuidado e para serem lidos com um pouco menos de pressa. O Medium tem até uma indicação do tempo estimado de leitura para cada texto, assim você se programa melhor pra ler de maneira mais eficiente.
Acho que o aumento desse tipo de leitores (e também de escritores, claro) decorre de, pelo menos, dois fatores:

Sim, ler um texto de 2.000 palavras em um monitor de 16 bits rodando um Windows 95 não era nada fácil. Isso sem falar no design estúpido dos sites mais antigos. Hoje, com telas melhores, sistemas operacionais mais estáveis, design e tipografia mais bonitas e funcionais, ler no computador nem é mais um martírio tão grande assim. Só pra quem não viveu aquela época ter uma ideia, tem um site bacana que transforma qualquer site atual em um site da década de 1990. Acesse o The Geocities-sizer e coloque lá a URL da página que você quer ver feia.

Falei antes da leitura na tela do computador, mas existem hoje outras opções. Você pode ler o que quer pelo celular, tablet ou leitor digital (que, pra quem quer ler ebooks, é uma mão na roda). Pra escrever ou fazer anotações nos textos vale o mesmo. Por exemplo, eu estou escrevendo o texto que você está lendo agora direto no celular, usando o aplicativo do Evernote. Quando chegar em casa vou revisar o texto pra publicar, sem muito retrabalho. E isso é bem mais rápido do que quando eu escrevia tudo em bloquinhos de notas, fazendo um monte de garranchos que nem eu mesmo conseguia decifrar depois.


Estamos em um mundo melhor para leitores e escritores. Eu acredito nisso. A questão é apenas saber como contribuir para que as crianças de hoje adquiram o gosto por ler e escrever, o que é um baita desafio, principalmente considerando a quantidade de atrativos disponíveis pela internet afora. Mas o legal é que no meio das distrações sempre tem alguém disposto a colaborar com os outros em prol de algo que acredita, seja pra divulgar um evento, um novo meme ou textos bacanas pra se ler.