Tecnologia pra vestir - e pra pensar pela gente
Certamente eu não sou o único que quero um relógio desses pra usar:
Mas será que eu deveria mesmo querer isso? Quero ser vigiado por meu relógio? Já não basta a vigilância no Facebook, no Gmail, Foursquare, nos serviços de geolocalização? Os sociólogos e filósofos do final do século XX preconizavam que estávamos entrando na era do controle e alertavam para que ficássemos atentos, para que não cedêssemos aos encantos da facilidade e do comodismo no âmbito do capitalismo.
Bem, parece que não deu certo. Queremos mais e mais facilidades e quanto mais possibilidades tivermos de gerar formas de outras pessoas nos vigiarem - e claro, de vigiarmos a nós mesmos1 -, melhor. A internet das coisas vende muitos sonhos, mas até que essas coisas estejam, de fato, no nosso cotidiano, não saberemos direito quais as vantagens que elas realmente podem trazer. Agora, os problemas (falta de privacidade, sistemas de vigilância, dependência ainda maior das máquinas, aumento do comodismo), esses são óbvios.
De uma forma ou de outra, e já que é inevitável, só o que posso dizer é: que venham os óculos perspicazes, as máquinas de lavar espertas, as geladeiras astutas e os relógios inteligentes! E se eu tiver dinheiro - e minha esposa deixar - eu vou comprar tudo isso, mesmo sabendo dos muitos contras evidentes diante dos poucos prós que a gente imagina que essas tecnologias podem trazer pra gente. E aí é torcer pra prevalecer o que for bom…
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Eu sei que isso não faz muito sentido, mas é meio isso, né? A gente gerando dados pra ver e fiscalizar por onde andamos, o que fizemos etc. ↩
Marcos Ramon
Professor no Instituto Federal de Brasília, pesquisando ensino, estética e cibercultura. Lattes | ORCID | ArquivoRelacionados
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