Ser um ranzinza
Dia desses li um texto sobre alguém que fez a experiência de ficar uma semana sem reclamar e me toquei de que eu praticamente não faço outra coisa que não seja resmungar sobre tudo e todos. E se eu sou reservado no Facebook e no Twitter - o que é bom pra muita gente - o mesmo não acontece na vida cotidiana; e a minha esposa, Gisele, é certamente quem mais sofre com isso. Mas não tenho dúvidas de que o meu espírito ranzinza atinge também meu filho, meus colegas de trabalho, meus alunos…
Até lendo um livro, sozinho, eu sou ranzinza:
Mas, sendo honesto comigo mesmo e considerando o sofrimento de quem convive comigo, acho que já passei da hora de mudar. Vai ser um esforço descomunal, mas vou me policiar todo dia pra reclamar menos das coisas e fazer algo mais útil, mais interessante; coisas simples como agradecer, elogiar, incentivar, estimular ou - se der aquela vontade louca de reclamar de alguma estupidez constadada - simplesmente ficar um pouco em silêncio, reclamando só pra mim.
Não coloquei metas pra mim pra 2015, mas ser menos ranzinza com os outros é algo que eu vou tentar operar na minha rotina e espero que isso se reflita aqui nos textos do blog também (que deve ter aproximadamente 90% de textos mal-humorados ou sobre algum tipo de ranzinzice, eu admito).
Entenda, não estou dizendo que vou tentar ser um mar de felicidade transbordante, até porque acho que o mau humor é um direito inalienável e penso que pessoas extremamente felizes são insurpotáveis. Não concorda? Então veja (ou reveja) o episódio de Friends em que Alec Baldwin é um chato feliz em excesso.
Quero continuar sendo chato e resmungão, mas só comigo e com meus livros. Acho que posso - e devo - poupar o mundo de mais gente ranzinza. Afinal, já tem muito desse tipo por aí.
Marcos Ramon
Professor no Instituto Federal de Brasília, pesquisando ensino, estética e cibercultura. Lattes | ORCID | ArquivoRelacionados
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