Reimaginando o tempo

A força do tempo sobre a gente faz com que, muitas vezes, esqueçamos que as coisas se dão em um processo cumulativo. Nada acontece de um momento para outro, mas cada coisa segue um ritmo de transformações que se finaliza em um ponto que consideramos como o final.

Quando nascemos começamos a morrer, perdendo aos poucos a vitalidade, o senso de descoberta, a ingenuidade do aprender. Viver é encaminhar-se para o inesperado e para a possibilidade de nos perdermos em meio a tudo.

Mas tem um beleza mesmo nesse caminho atropelado que é a sucessão do tempo. Se as coisas se constroem continuamente, estamos sempre em movimento, criando, nos transformando e deixando de ser o que éramos antes. Um destino terrível seria simplesmente existir, com propósito definido e tempo determinando. Ser essa incoerência e surpresa é o que dá à nossa vida esse espaço de esperança que nos permite reimaginar nosso próprio lugar no mundo. Aceitar esse acaso é o que dá sentido aos dias.

Marcos Ramon

Professor no Instituto Federal de Brasília, pesquisando ensino, estética e cibercultura. Lattes | ORCID | Arquivo

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