Marcos Ramon
Viver de arte
Andy Warhol produzia imagens que remetiam ao mundo do consumo e ganhava dinheiro com essas obras. Pintava dinheiro em uma tela e depois trocava essas pinturas por dinheiro de verdade. E fazia ainda mais pinturas.

Tudo isso ainda pode soar estranho para quem pensa a arte como uma atividade que está fora do mundo real, sem ocupações básicas, ou desvinculada de um propósito maior. A expressão “arte pela arte” já não faz sentido em nosso mundo. Contudo, pra muita gente, a arte deve ser feita apenas por artistas diletantes que decidem abdicar de uma vida “normal” para emprestar à humanidade sua capacidade privilegiada de ver o mundo.
A obra de Warhol certamente não agrada a todos (e nem deveria, como tudo na vida), mas ele deixou para todos nós um legado importante no que se refere à percepção do artista: quem trabalha com arte também precisa viver e por isso é importante saber vender o seu trabalho. Muitos não fizeram isso e foram reconhecidos apenas postumamente — outros, nunca saberemos quem foram. Warhol queria ser, e foi, um artista de sua época, e colocou o consumo e o entretenimento em foco, ora exaltando o modo de vida das sociedades capitalistas, ora cutucando nossas mazelas. Um dos maiores artistas do século XX, um homem de negócios, um visionário? Escolha a versão que quiser. Warhol foi tudo isso.

Marcos Ramon
Professor no Instituto Federal de Brasília, pesquisando ensino, estética e cibercultura. Lattes | ORCID | Arquivo comments powered by DisqusMarcos Ramon / Professor de Filosofia, pesquisando estética e cibercultura.
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