Marcos Ramon
Valorizar a busca
Estamos sempre em busca de uma resposta para alguma coisa, não interessa o quê, não interessa o motivo, o fato é que queremos saber de algo (ou de tudo, talvez).
O problema é que — em um mundo em que temos tanto acesso à informação — encontrar uma resposta, incompleta ou parcial que seja, é muito simples. E, na maior parte das vezes, acabamos entendendo que isso basta. Somos curiosos e ansiosos por descobrir coisas novas, mas não deveríamos nos encantar com qualquer solução ou explicação. A melhor parte do conhecimento é a busca1. Claro, é difícil convencer o pirata de que o tesouro é menos importante que o caminho feito para encontrá-lo. Afinal, por que não economizar esforço aproveitando o prêmio, no lugar de se cansar com a caça?
Mas nessa conta é preciso considerar que nem sempre o tesouro é verdadeiro. Tem peça falsa que brilha mais do que o ouro e resposta rápida que convence mais do que a verdade. Vivendo em um mundo em que as pessoas se preocupam menos com os fatos e mais com os impactos que as palavras geram no contexto social, devemos todos nos tornar vigilantes e defensores da busca lenta, enfadonha e demorada; como piratas que navegam em barcos ruins, e ainda assim seguem com esperança.
Grafite do artista Rogue-one
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Por isso a filosofia de Kant, que afirma que não conhecemos tudo, pode ainda assim ser estimulante. Não precisamos saber todas as coisas, nem descobrir o mundo como ele realmente é. O prazer pelo conhecimento continua mesmo com nossas limitações. Na verdade, é ao saber as limitações que temos que a busca pelo conhecimento se torna mais necessária. ↩
Marcos Ramon / Professor de Filosofia, pesquisando estética e cibercultura.
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