Marcos Ramon

Sobre tocar violão


Recentemente compramos um violão. Gisele está ficando cada vez melhor e Arthur está desprezando cada vez mais nossa intenção de transformá-lo em músico1. Dia desses, Gisele cantava aqui em casa:

Do you know where I was at your age? Any idea where I was at your age? I was working downtown for the minimum wage!

Entendam: ela não apenas cantava, mas cantava como se realmente não houvesse amanhã! E Arthur, lá do quarto dele, irritado, pedia silêncio. Ele disse depois que gosta de música sim2, só não gosta das músicas que a mãe dele canta.

Antigamente, sempre que eu escutava uma música que eu gostava eu me imaginava num palco. Agora, sendo apenas quem eu sou, quando escuto uma dessas músicas eu imagino Arthur nos vocais, baixo, guitarra, bateria ou o que for.

Quando ele nasceu eu imaginei que ia viver o mundo através dos olhos dele, tentando aproveitar a vida com ele, uma vida melhor do que a que eu tive quando criança. Mas agora percebo que eu tento mesmo é fazer ele viver a vida que eu queria ter tido. Não é algo muito justo, eu sei. Mas como mudar?

  1. Além do violão, temos em casa um baixo, uma guitarra, uma bateria, um teclado, flauta, gaita, cd’s, cd’s e cd’s. Ah, moramos em apartamento e, provavelmente, nossos vizinhos nos odeiam. 

  2. Um exemplo dado por ele é a música de abertura dos dvd’s do Batman que ele assiste aqui em casa. 

Marcos Ramon

Marcos Ramon

Professor no Instituto Federal de Brasília, pesquisando ensino, estética e cibercultura. Lattes | ORCID | Arquivo
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Marcos Ramon / Professor de Filosofia, pesquisando estética e cibercultura.

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