Marcos Ramon
Não é questão de tolerância, mas de respeito.
Recebi essa mensagem em um grupo do WhatsApp:
Não sei como você vê isso. Pra mim é simples: uma pregação do ódio em nome da religião, do Estado e dos “valores civilizatórios”.
Se uma pessoa decide se casar com outra pessoa do mesmo sexo ou com uma árvore, isso não tem nada a ver comigo. E não, o nosso futuro não depende de um modelo compulsório de família cristã para todas as pessoas, ao contrário do que diz a mensagem.
Se fala muito atualmente sobre tolerância, sobre sermos tolerantes com os outros para termos uma vida melhor. Mas a verdade é que a tolerância não é uma coisa boa. Ninguém quer ouvir outra pessoa dizendo: “eu te tolero!”. E o motivo pra isso é simples. Dizer que se tolera alguém é o mesmo que dizer: “eu te detesto porque não somos iguais, mas como eu sou uma pessoa superior eu suporto a sua presença”. Já respeitar alguém é outra coisa. Dizer “eu te respeito” é como dizer: “eu sei que somos diferentes e não tem problema nenhum nisso”.
Aquela mensagem que recebi no WhatsApp é um exemplo claro da sociedade pseudo-democrática e tolerante que temos, onde tudo se (con)vence pelo voto da maioria (mesmo quando algumas coisas deveriam depender apenas do bom senso) e ninguém tem a menor intenção em cuidar apenas da própria vida.
O nosso futuro não depende de um modelo de família único - qualquer que seja - institucionalizado como lei, mas sim do surgimento de uma nova geração de pessoas que entendam a necessidade do respeito e da diferença para a vida em comunidade.
Chega de tanta gente tolerante.
Marcos Ramon / Professor de Filosofia, pesquisando estética e cibercultura.
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