Marcos Ramon
Mais de nós mesmos
Existe uma separação muito clara, para cada de um nós, entre o que precisamos fazer e o que gostamos de fazer. Na maior parte do tempo, e não podia deixar de ser assim, nos dedicamos àquilo que é necessário, a todas as coisas que fazemos porque delas depende nossa subsistência e nosso bem estar material. No entanto, a vida não é só isso e, em um mundo ideal, haveria espaço para mais de nós mesmos - cada um encontrando um meio de não deixar de sentir gosto pela vida e pelas possibilidades que ela oferece.
Mas a vida é desigual (mais uma vez, como não poderia deixar de ser) e enquanto algumas pessoas identificam essa possibilidade com naturalidade, para outros é quase impossível se desvencilhar do abraço da cotidiano, com seus compromissos, obrigações e desgostos. Eu me vejo no meio-termo disso tudo. Nem desesperado ao ponto de não conseguir respirar e nem livre o suficiente pra aceitar que não existe uma pressão que muitas vezes sufoca a minha vontade e a minha capacidade de enxergar as coisas com simplicidade.
O desafio, no que se refere a esse tema, é aprender a insistir. Quem desiste e entrega os pontos desde o início afunda no desgosto e acha, com toda a convicção que a gente sabe ter nos momentos de angústia, que a vida não vale a pena. Mas a vida vale muito, e sempre haverá mais para buscar do que a simples obrigação de viver. Só que é preciso lutar por esse direito. E é isso que eu tento fazer, todos os dias.

Marcos Ramon / Professor de Filosofia, pesquisando estética e cibercultura.
Inscreva-se na newsletter para receber atualizações por email. 😉
-
Dec 22, 2022
Reimaginando o tempo
-
Aug 19, 2022
O mundo é pequeno pra caramba
-
Aug 11, 2022
Nada existe
-
Aug 6, 2022
O som da rua
-
Jul 29, 2022
Treino de basquete, 1995
-
Marcos Ramon