Marcos Ramon
Eu e o tempo
Quando pensamos sobre o tempo é comum associá-lo a uma coisa externa, que nos afeta, nos condiciona. O tempo, também, é muitas vezes imaginado como algo a que estamos submetidos, uma condição da qual não conseguimos fugir, mesmo tentando insistentemente. Em outros momentos, o tempo é o amigo que nos salva, acolhe, conduz.
Todas essas formas de pensar pressupõem o tempo como agente externo, como aquilo com que nos relacionamos. Mas e se nós formos o tempo? E se existirmos sendo o que ele mesmo é? Foi em Borges que li pela primeira vez essa intuição, e, mesmo não deixando de achá-la estranha, quero acreditar mais e mais que sou mesmo assim:
“O tempo é a substância de que sou feito. O tempo é um rio que me arrasta, mas eu sou o rio; é um tigre que me destroça, mas eu sou o tigre; é um fogo que me consome, mas eu sou o fogo.” (Jorge Luis Borges, O fazedor)
Não podemos fugir do tempo, não podemos dispensar sua ajuda, não podemos esquecê-lo, não podemos abandoná-lo e nem sermos deserdados por ele… porque somos o tempo. Não podemos ser outra coisa.

Marcos Ramon
Professor no Instituto Federal de Brasília, pesquisando ensino, estética e cibercultura. Lattes | ORCID | Arquivo comments powered by DisqusMarcos Ramon / Professor de Filosofia, pesquisando estética e cibercultura.
- 😷 Sobre o autor
- 📘 Livros publicados
- 🎙️ Podcast
- 😍 Apoie
Inscreva-se na newsletter para receber atualizações por email. 😉
-
Mar 10, 2023
Ensinar é difícil
-
Mar 9, 2023
Arte e vida
-
Mar 8, 2023
A coisa mais importante
-
Mar 7, 2023
Eu e o tempo
-
Feb 24, 2023
O mesmo, pra sempre
-
Marcos Ramon